Sinopse
Suspense/Terror
Quando a jovem Penny
Foster encontra uma velha chave enferrujada escondida no sótão da casa de sua
família, ela mal imagina que esse objeto esquecido abrirá as portas para um
segredo sombrio enterrado há décadas.
Curiosa sobre a
origem da chave e obcecada em descobrir o que ela tranca, Penny mergulha em um
mistério que envolve desaparecimentos antigos, uma ala selada da casa e um
pacto amaldiçoado.
À medida que a chave
revela seu verdadeiro propósito, Penny percebe que há portas que nunca deveriam
ser abertas e que algumas verdades cobram um preço aterrorizante..
Capítulo 01
Cidade de
Erie – Pensilvânia – Estados Unidos – abril de 2008
Uma névoa densa envolvia a cidade naquela manhã nublada,
abafando os sons e tornando as ruas silenciosas como um cemitério adormecido.
No final da Rua West Gore Road, quase esquecida pelo tempo, erguia-se a antiga
mansão da família Foster uma estrutura imponente, de janelas altas e madeira
escurecida pela umidade e pelos anos de abandono.
Dentro da mansão, entre sombras que pareciam se mover por conta
própria, vivia Penny Foster, a última herdeira de um legado envolto em
mistério. Algo naquela casa parecia observar, esperar. E naquela manhã em
particular, algo ou alguém havia destrancado uma porta que deveria ter
permanecido selada.
Penny havia retornado a Erie há cerca de dois anos. Estava
estudando em Vancouver quando recebeu a notícia inesperada.
CAMPUS
UNIVERSITÁRIO – VANCOUVER – NOITE – 2003
Penny caminha com livros no colo quando atende o celular. Uma
voz masculina informa que a mansão Foster será leiloada.
VOZ AO TELEFONE
— O estado condenou a estrutura. Se não houver manifestação, ela
será demolida em seis meses.
O mundo parece congelar ao redor dela.
Desde então, sua vida nunca mais foi a mesma.
Mansão
Foster – 07:45 da manhã
O tempo parecia não ter passado na cidade, mas a mansão... a
mansão havia mudado. Ou talvez ela sempre tivesse sido assim, envolta em
silêncio e sussurros que só os mais sensíveis conseguiam ouvir.
Quando Penny cruzou novamente os portões enferrujados da
propriedade, a névoa ainda pairava sobre o mato alto, abafando os sons e
silenciando o mundo ao redor.
Dentro da velha guarita principal, algo chamou sua atenção
pendurada num prego enferrujado, balançando levemente como se tivesse acabado
de ser colocada ali, havia uma chave antiga. O metal estava corroído pelo
tempo, com arabescos quase apagados pela ferrugem. Amarrado ao corpo da chave,
um pequeno bilhete escrito à mão.
Ela o desamarrou com os dedos trêmulos, sentindo o frio do ferro
envelhecido penetrar sua pele. As palavras no papel amarelado pareciam pulsar:
“Algumas portas só se abrem para quem é
esperado.”
Foi naquele instante, ao encarar aquela caligrafia estranhamente
familiar, que Penny sentiu com uma certeza instintiva que havia algo naquela
casa que ainda respirava. Algo que nunca partiu. Algo que a esperava.
A chave que Penny encontrara, pendurada no mural da guarita, não
abria as portas da frente essas estavam seladas e sem trincos aparentes. Mas
ela se encaixava com precisão nas fechaduras dos fundos da mansão, as entradas
de serviço, por onde, talvez, a verdade começasse a vazar...
Ao adentrar pela área de serviço, um cheiro de mofo e ferrugem
invadiu suas narinas. A cozinha à sua frente parecia congelada no tempo
armários apodrecidos, louças quebradas pelo chão e teias de aranha pendendo do
teto. Tudo estava tomado por uma camada espessa de poeira e negligência.
A energia havia sido cortada há anos. O silêncio era absoluto, exceto
pelo som abafado do vento filtrando-se por frestas nas paredes. A fraca luz da
manhã lutava para atravessar as janelas encardidas, lançando sombras alongadas
sobre o ambiente decadente.
Com o coração acelerado e os
sentidos em alerta, ela deu um passo hesitante à frente, o ranger seco do piso
ecoando como um aviso na escuridão. Com mãos trêmulas, acionou a lanterna do
celular o feixe de luz tremeluzente cortou o breu denso, revelando detalhes
perturbadores ao seu redor marcas escuras que escorriam pelas paredes como
veias apodrecidas, e um talher enferrujado, cravado no chão, como se tivesse
sido lançado com força.
Ela engoliu em seco, sentindo o
gosto metálico da ansiedade na boca. A casa parecia respirar em silêncio,
exalando uma presença invisível e pesada, como se cada centímetro daquela
estrutura estivesse consciente de sua intrusão.
De repente, um estalido abafado sob
seus pés. Penny congelou. Olhou para baixo e percebeu que uma das tábuas do
assoalho cedia levemente sob seu peso.
Abaixou-se lentamente, afastando a
poeira grossa com os dedos.
A lanterna iluminou a madeira gasta
e ali, sob seus olhos, revelou-se um velho alçapão, com cerca de trinta por
trinta centímetros uma passagem estreita, escondida do olhar casual, como um
segredo enterrado.
Sem saber exatamente por quê, mas
sentindo que precisava descobrir o que havia ali, Penny deslizou os dedos pelas
bordas do compartimento e, com um leve estalo, o abriu. O cheiro de mofo e
terra antiga escapou como um sussurro antigo. Respirou fundo, reuniu a pouca
coragem que ainda tinha… e começou a descer.
Com cuidado, desceu pelo alçapão,
espremendo-se pela passagem apertada. A lanterna do celular tremeluzia enquanto
ela iluminava o espaço sob a mansão um porão improvisado ou talvez uma antiga
sala de armazenamento. As vigas de madeira acima de sua cabeça estavam
apodrecidas pelo tempo, e caixas de papelão velhas e úmidas estavam empilhadas
nos cantos, algumas abertas, revelando objetos cobertos por panos empoeirados e
manchas escuras.
Penny
vasculhava o porão silencioso, os passos ecoando entre caixas empoeiradas e
móveis cobertos por lençóis amarelados pelo tempo. A luz fraca da lanterna de
seu celular tremulava nas paredes úmidas, até que um feixe mais firme iluminou
um canto esquecido.
Ali,
enfileiradas como sentinelas em silêncio, algumas bonecas antigas repousavam
encostadas na parede, os olhos de vidro opacos fixos no vazio. Ao lado
esquerdo, algo maior se destacava entre as sombras um objeto coberto por um
lençol envelhecido, onde o mofo desenhava padrões indistintos.
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